Phantom of the Paradise (1974)

Erra o homem enquanto a algo aspira.

Goethe, “Fausto.

“Phantom of the Paradise” (1974) não possui o apelo imagético que caracteriza em grande parte o estilo de Brian De Palma, nem trabalha sob a chave de thriller psicológico de seus filmes mais conhecidos. Antes de qualquer imagem, se inicia com uma narração em voz off que destaca a proeminência de sua preocupação narrativa. Ela nos apresenta a personagem de Swan, importante produtor musical, como uma figura mítica cujo “passado é um mistério, mas seu trabalho já é uma lenda”: “Agora, ele está procurando por um novo som para inaugurar o seu próprio Xanadu, sua própria Disneylândia: o Paradise, o palácio supremo do rock”. A continuação desta fala anuncia a trama que virá a seguir, emoldurando a narrativa e colocando-a, desde já, sob um caráter fantasioso: “Esse filme é a história dessa procura, desse som, do homem que o fez, da garota que o cantou e do monstro que o roubou”.

Os créditos iniciais do filme são exibidos a seguir, em meio a apresentação inicial da banda “Juicy Fruits”, expondo então o produto comercial vulgar atualmente explorado por Swan, representante de uma “onda nostálgica dos anos 50”, como nos destaca a narração. Paralelamente a isto, vemos pela primeira vez a figura patética de Winslow Leach (William Finley), que clandestinamente cola uma pequena faixa com o seu nome sobre um enorme cartaz dos Juicy Fruits, indicando seu esforço para também se apresentar.

Em um espaço interior frente ao palco estará Swan, que não vemos, mas acompanharemos seu diálogo com Philbin (George Memmoli), que ao longo do filme se destacará como o principal dos seus “capangas”. A conversa destacará como Annette, uma cantora que fizeram de tudo para transformarem em uma estrela, os abandonou, corroborada pela justiça, que determinou que ambos não poderiam assinar um contrato vitalício com qualquer artista. Sobraram-lhe os Juicy Fruits, em vias de serem superados, o que agora os obriga a descobrir um novo produto musical. Enquanto nossa atenção está ainda dirigida à conversa entre os dois, este “novo produto” surge de maneira surpreendente – após ter instalado seu piano e preparado a sua apresentação, como um elemento discreto na profundidade de campo da cena: lá está Winslow, já em meio a sua performance, ao que Swan interrompe Philbin e estende a sua mão ao centro do quadro, indicando com a mais grave atenção: “Ouça!”.

Sobre o palco, não é com a ironia dos Juicy Fruits que Winslow é apresentado; não há nem mesmo qualquer traço do personagem ridículo visto antes colando seu cartaz, que agora canta e toca o piano de maneira passional. Entretanto, enquanto a câmera circula ao seu redor, em primeiro plano, o que se verá ao fundo é o público que deserta e o ignora, demonstrando a distância entre a personagem e o mundo em que pretende se inserir, que marca definitivamente a sua solidão. Swan, entretanto, reconhece o seu valor e indica a Philbin que essa deverá ser a música a abrir o Paradise. Perguntado quanto a Winslow, simplesmente responde: “Você pensará em algo”.

Já no camarim, podemos ler em sua partitura o título “Fausto – a rock cantata”, que Winslow descreve a Philbin como um trabalho de “200 ou 300 páginas, ainda não terminadas”, uma “série de canções sobre a vida de Fausto”. Limitado a cumprir as suas ordens, Philbin é indiferente às preocupações estéticas de Winslow: “uma música é uma música, ou você curte ou não”, é o que responde. Na tentativa de convencê-lo a entregar a partitura, deixa escapar que o “Fausto” poderá ser gravado pelos Juicy Fruits, ao que se segue não uma resposta animada, mas um gesto de revolta: “Apenas eu posso cantar o Fausto”, ele diz, deixando escapar seu orgulho inconsciente e a defesa quase instintiva da obra de sua vida.

A cena se encerra com sua expressão incrédula, ao conceder que levem as páginas do “Fausto” sob a promessa de ter o seu primeiro disco produzido e lançado por Swan, enquanto em primeiro plano vemos o bater de dedos de Philbin sobre a partitura – primeiro indício de um aspecto diabólico dessas ações. Prevemos que Winslow será fadado ao fracasso e tudo indica, então, que apenas uma grande reviravolta lhe trará sucesso – que não ocorrerá como uma afirmação de seus planos anteriores, mas cumprirá um destino imprevisto, depois de um longo percurso de degradação pelo qual passará essa personagem.

Winslow, afinal, é um idealista (com toda a ingenuidade atribuída a isto) que se confronta com um mundo corrompido; sua revolta, ainda assim, não impede que acabe por ser vítima da exploração. Neste sentido, é preciso notar como em “Phantom of the Paradise” a música não se introduz como um elemento de espetáculo estranho à representação diegética (isto é, em que as cenas cantadas se dissociam das passagens mais prosaicas da narrativa), mas como condicionadora do desenvolvimento dramático do filme. Deste modo, a variedade de estilos musicais aqui presentes estará relacionada às manipulações sofridas por Winslow e sua própria música, alteradas de acordo com o interesse de Swan – dado que se ressalta por versos, rimas ou outros pequenos detalhes que são mantidos e dizem respeito ao drama de Fausto, tal como se fossem apenas ruinas do projeto de Winslow.

“Um mês depois”, como indica uma cartela, Winslow é prontamente rejeitado no escritório da gravadora de Swan, sem que possa ter notícias ou reaver a sua música. Segue a busca até a mansão do produtor, na qual ouvimos um coro de vozes desafinadas de mulheres que, ao longo de uma fila de espera, ensaiam um trecho da partitura de “Fausto”. Logo, a câmera se afastará do protagonista para ressaltar uma figura destoante neste grupo, interpretada por Jessica Harper, que se destaca pela harmonia de sua voz. Winslow se postará ao seu lado, corrigindo sutilmente a sua entonação e se apresentando como o autor da cantata, após ela indicar que está ali por uma audição junto à Swan. Brevemente desconfiada, ela o pergunta se não a está ajudando por outros motivos, ao que ele responde altivamente: “Eu nunca deixo meus desejos pessoais afetarem meu julgamento estético”, em um breve diálogo que estabelecerá a relação entre os dois ao longo do filme.

Na sequência elíptica das ações que determinam o fracasso de Winslow, postas sob um registro absolutamente cômico, há um breve encontro com Swan (cuja figura vemos pela primeira vez, interpretado por Paul Williams, também compositor de todas as músicas no filme), sua expulsão da mansão, sua falsa incriminação por policiais e seu julgamento em um tribunal. Imediatamente a seguir, uma cartela indica o presídio de Sing Sing, onde arrancam seus dentes em um “programa de voluntários” organizado por Swan. Após uma nova cartela, “seis meses depois”, um rádio nas mãos de um policial anuncia a inauguração do “Paradise”, para desespero de Winslow, agora sob nova figura: catatônico, de cabelos cortados, com dentes de metal e vestindo um boné da “Swan Foundation”.

Segue-se uma nova revolta, em que foge da cadeia, ataca os escritórios de Swan e, depois, sua fábrica de discos. Lá, após um breve confronto com um policial, Winslow acaba tendo seu rosto gravemente ferido, justamente pela prensa que fabricaria os discos do “Fausto” interpretado pelos Juicy Fruits. Se a extração de seus dentes é, após o roubo das partituras, o primeiro passo para que Winslow não possa mais cantar, este acidente marcará definitivamente a impossibilidade de voltar a se apresentar publicamente. Atirando-se ao rio após uma longa caminhada agonizante, Winslow se atira também para uma vida subterrânea. O filme assumirá uma estrutura propriamente trágica em diante, pontuada por passagens cômicas e atualizada no que diz respeito às suas camadas superficiais, isto é, o espetáculo e a indústria musical – como sugere a ideia da própria “rock cantata”.

É admirável, então, como Willian Finley, no papel mais importante de sua filmografia, transforma-se do cômico ao grave quando passa a representar o Fantasma, mudando completamente sua presença e postura. Assim, o filme também muda radicalmente de tom: após a sequência de episódios devedores a um cinema burlesco (que, na filmografia de De Palma, dão continuidade aos melhores momentos de “Greetings” ou “Hi, Mom!”), os contornos mais propriamente trágicos do filme ganham mais evidência. A seguir, em sua primeira “assombração”, por assim dizer, teremos um plano ponto-de-vista de Winslow a percorrer o interior do Paradise, ao fim do qual encontrará os adereços que o caracterizarão como o “Fantasma”, consolidando uma personagem que é, simultaneamente, herói e vilão, suscitando temor e piedade.

Sob esta nova forma, inicia uma série de ataques contra aqueles que se propõem a cantar o seu “Fausto”. No primeiro destes, a um ensaio dos Juicy Fruits, Winslow plantará uma bomba em um dos carros usados como parte de um cenário com ondas e pranchas de surf, repleto de garotas de biquini, em uma cena que o recurso do split screen por De Palma terá um dos usos mais marcantes de sua filmografia: em uma das telas, a bomba é plantada, na outra, os músicos tocam, e assim as perspectivas vão se alternando, enquanto aguardamos o momento da explosão. Após o incidente, Swan será abordado por Winslow e prometerá devolvê-lo o poder de criar, garantindo uma nova audição para o intérprete da música e permitindo que decida como o “Fausto” deve seguir.

É somente nesta nova audição que a garota vista na mansão aparecerá de novo, anunciando pela primeira vez o seu nome: Phoenix. Imediatamente, Winslow agarra o ombro de Swan, direcionando a sua atenção em um gesto semelhante ao do próprio Swan ao ouvi-lo cantar. Phoenix teme novamente ser um teste falso (como o da mansão havia sido), até que Swan fale diretamente a ela: “O que você me daria para cantar?”. “Qualquer coisa que você quiser”, ela responde. A pergunta que, neste momento, será compreendida somente no sentido imediato da cena, mais tarde se provará fatal: “Você me daria a sua voz?”.

Swan, ironicamente, “devolve” a voz de Winslow através de um aparelho eletrônico ajustado e mixado sob a própria entonação do produtor nos equipamentos do estúdio que, daí em diante, será o cativeiro de Winslow – trancado por uma porta grossa de ferro e, mais tarde, selado por uma parede de tijolos. Como uma “única opção” para sua sobrevivência – e, consequentemente, de sua música –, Swan sugere que reescreva a cantata, oferecendo-o um contrato de caligrafia gótica e termos abusivos que Winslow ignora, mas é coagido a assinar com seu sangue – o que Swan também faz, curiosamente, apenas carimbando o seu próprio nome, sem o escrever. Impossibilitado de cantar fora deste espaço, Winslow diz que Phoenix “poderia ser sua voz”. Swan, entretanto, descarta a ideia de que seja Phoenix a abrir o Paradise: “Ela é perfeita, mas você sabe como eu odeio a perfeição em qualquer um, exceto em mim”, diz ele a Philbin, mais uma vez traindo os anseios de Winslow.

A narrativa do “Fausto” não apenas será o tema da cantata, mas determinará os conflitos e motivações das três protagonistas do filme – associada ao “Fantasma da Ópera” de Leroux. Ao contrário da personagem clássica, Winslow não escolhe pelo pacto, mas é forçado a concretizá-lo para terminar a sua música; entretanto, seu destino acaba por se encontrar com o pactuário original, pois sua exigência de que Phoenix seja a única intérprete da cantata a aproximará de Swan e a direcionará gradativamente à infelicidade da mesma maneira como Fausto destrói a vida de Margarida, jovem camponesa pela qual se apaixona, pelas mãos de Mefistófeles. Ao fim, sua “alma” não é levada a partir de uma situação de “felicidade plena”, como é o caso do texto de Goethe, mas pertence em vida a Swan, sem usufruir de nenhuma das vantagens de ser Fausto.

O intérprete escolhido será Beef (Gerrit Graham) – novo pastiche, desta vez de glam rock – que, no primeiro ensaio, não é capaz de interpretar a música, “escrita para uma mulher”: Phoenix, que lá está somente como parte do coro das vozes secundárias. Swan permite, então, que altere a música à sua maneira, ao que Philbin complementa: “Quem liga para as letras, de qualquer forma?”. Então, o Paradise finalmente é aberto com a performance da nova banda, que arranca membros e cabeças de bonecos tirados do meio da plateia, para a animosidade de todos os verdadeiros pagantes. Este público chegará ao delírio quando, em um novo ataque, Winslow arremessar um acessório luminoso ao palco, causando um choque que carbonizará Beef em meio a sua performance, confundindo a morte verdadeira com um enorme efeito pirotécnico que faria parte do show. Sob a ameaça de Winslow e a necessidade de continuar o espetáculo, Phoenix é forçada a entrar em palco, assumindo o protagonismo da inauguração do Paradise. Sua canção terna é completamente oposta a música de Beef e, ao final, acaba por lhe render uma aceitação ainda maior dos presentes.

Ambas as canções de Phoenix, na audição e na abertura do Paradise, mantêm um maior grau de fidelidade com aquilo que seria, originalmente, o drama de Fausto. Ao mesmo tempo, a alteração do eu-lírico em suas letras, nas quais já não se trata mais de Fausto quem “fala”, mas de alguém que fala sobre ele, acaba por se referir mais claramente ao drama de Winslow, expressando o que poderia ser a sua ternura pelo compositor – a quem, depois do encontro inicial, ignora a existência e sofrimento. Desse modo, quando Winslow a aborda na saída do Paradise e tenta alertá-la sobre os perigos de se envolver com Swan, ela imediatamente o repele: “Por que eu deveria largar isto?”, indicando a multidão que grita o seu nome à frente do prédio. Phoenix se envaidece pela idolatria repentina, bem como o reconhecimento por parte de Swan, sendo facilmente convencida de seus planos futuros ainda no camarim.

Winslow os segue até a mansão, onde, pelas janelas molhadas de chuva, os vê juntos na cama e, sem que perceba, é também visto por Swan, através de uma câmera mantida neste mesmo espaço, tornando esta cena, clímax melodramático de todo o filme, ainda mais cruel. Não apenas a frustração artística e amorosa, mas o destino dela, assim selado, o faz padecer: desesperado, Winslow crava uma faca em seu próprio peito, caindo ao chão. Sua morte – banal, em certo sentido – anularia todos os efeitos da construção dramática anterior, consistindo apenas em um movimento de derrocada, sem superação. Seu drama não poderia terminar assim e logo surge Swan, que retira a faca de seu peito: “Você abriu mão do seu direito de descansar em paz quando assinou esse contrato”, mostrando-o em suas mãos. Furioso, Winslow crava nele a faca, que a retira indiferente, alertando-o: “Eu também estou sob contrato”.

Neste momento, o termo “contrato” passa a ter um significado distinto, sendo reconhecido imediatamente como seu próprio pacto fáustico. Assim, se ele não é o diabo, como estava sugerido, sua capacidade de fazer novos pactos se justificaria apenas por como, neste universo,  seu poder e riqueza se confundem com valores sobrenaturais. Desse modo, Winslow tem um falso “pacto fáustico”, pois o verdadeiro se revela a partir do momento em que Swan lhe tira a faca do peito: Winslow é apenas devedor de Swan como esse é do diabo, o que dota esta relação de uma perversidade ainda maior.

Em uma nova intervenção “midiática” sobre o universo fantasioso (após o rádio e a Variety, que noticia a abertura do Paradise), uma capa da revista Rolling Stone anuncia o casamento televisionado entre Swan e Phoenix, na segunda parte da apresentação do “Fausto”. Nas portas do Paradise, em meio à chegada triunfal destes noivos, uma mulher que diz que estudou com Swan é ignorada por ele, ao que uma menina responde que ela é velha o suficiente para ser sua mãe. Ela, então, mostra as fotos dos dois a vinte anos, no que se denota uma clara mudança de sua fisionomia, enquanto a de Swan permanece idêntica à atualidade.

Simultaneamente, Winslow entra na sala de registros de Swan e descobre o seu pacto filmado: “Sábado, 19 de novembro de 1953”, é o que anuncia Swan na gravação, deitado em uma banheira e prestes a cometer suicídio, motivado pelo temor de seu envelhecimento. Surge, em um espelho à sua frente, sob uma iluminação vermelha, a figura do diabo, que não é senão o seu próprio reflexo. Neste momento, é introduzida, junto às referências anteriores, a inspiração pelo “Dorian Gray” de Oscar Wilde: enquanto no romance um retrato do protagonista envelhece e este permanece jovem, aqui será um filme que envelhecerá no lugar de Swan que, como consta no pacto, deverá assisti-lo todos os dias “para saber o quanto é sortudo”.

A seguir, a gravação revela também o contrato de sangue assinado por Phoenix, complexificando as relações pactuárias no filme. Sua morte televisionada, além de garantir um espetáculo em si (após Swan se regozijar da “atração” que foi a morte de Beef sobre o palco), permitiria a Swan ter sua voz, encontrando o complemento sonoro à sua imagem preservada. Após a destruição do registro do pacto, ao qual está atrelada a imortalidade de Swan, a expectativa a seguir reside na capacidade de Winslow interceder a tempo necessário de evitar a morte de Phoenix, pretexto a partir do qual o filme recorre aos recursos mais elementares do suspense cinematográfico, em uma montagem paralela à maneira griffithiana.

Se o esqueleto desta resolução dramática segue passos e procedimentos bastante tradicionais, a maneira como De Palma dá carne a esses eventos segue de modo distinto. Em toda a sequência final, em um Paradise lotado de fãs e dançarinas fantasiadas, com câmeras por todos os lados, o casamento será representado de maneira lisérgica, repleta de excessos visuais que antes não estavam presentes, como se já se tratasse da transmissão televisiva. Para não deixar fotografar ao seu rosto, cuja imagem apenas pode ser preservada no registro do pacto, Swan sobe ao palco usando uma máscara e encontra Phoenix em uma cerimônia com a “benção” de Philbin, a quem o tiro fatal intencionado à noiva acaba por atingir, desviado por Winslow. Este, então, também sobe ao palco, arrancando a máscara da face de Swan e revelando o seu rosto em carne viva, conforme a destruição do filme se dá.

Impedindo-o de estrangular a Phoenix, última medida desesperada, Winslow toma um dos adereços das dançarinas no palco – por ironia, um bico de cisne (“swan”) – e o fere, desta vez gravemente. O público voltará a se contagiar com essas ações e, tomando também outros adereços, golpeará Swan até a morte, posteriormente carregando-o sobre suas cabeças, em uma espécie de ritual profano, em que o ídolo é consumido pelos seus seguidores. Esta morte – e sua consequente quebra de contato – abrirá novamente a ferida no peito de Winslow e o fará padecer aos pés de Phoenix, que voltará a ver o seu rosto, sem máscara e desfigurado, reconhecendo pela primeira vez o seu sacrifício – momento de redenção que não pode durar, pois apenas a morte deve concretizar a sua salvação, como todo desenvolvimento trágico nos havia prometido.

Este desfecho dramático, no entanto, é seguido um “segundo final”, em que os créditos dos atores são inscritos em meio a uma seleção de “melhores momentos” de suas personagens, encerrando-se o filme, assim, sob o tom leve e humorístico que o caracterizou em grande parte.

Matheus Zenom